segunda-feira, 23 de julho de 2007

Emoção marca missa de 7º dia

A Tribuna- A-5 - Local
---
Tragédia de Congonhas

Silêncio. Nem mesmo as canções e orações romperam o silêncio durante a missa de sétimo dia do santista Gustavo Henrique Pinto Martins da Silva, de 30 anos, uma das vítimas do vôo JJ3054 da TAM. Celebrada ontem, às 16 horas, no Santuário de Nossa Senhora do Carmo, no Centro, a missa reuniu mais de 200 pessoas entre familiares e amigos do administrador de empresas e triatleta.
Logo na entrada, o irmão da vítima, Daniel Martins, recebia com um abraço todos os rostos tristes que se aproximavam. Ele pediu à Imprensa que respeitasse o momento de dor da família.
Dentro da igreja, um painel cheio de fotos tentava contar a rápida passagem de Gustavo pela vida daquelas pessoas. E não podia ser diferente, já que, de acordo com a lista oficial de vítimas do Airbus da TAM, que se chocou na última terça-feira com o prédio da empresa matando quase 200 pessoas, o corpo de Gustavo sequer foi identificado.
Criança, adolescente, adulto, filho, amigo, atleta, em todas as imagens Gustavo aparece sorrindo. Tanta felecidade, mas insuficiente para alegrar quem não teve tempo de se despedir.
Frei Lino de Oliveira, que conduziu a missa, tentou dar conforto aos parentes inconformados, afirmando que tragédias como a do Aeroporto de Congonhas devem servir "para abrir os olhos da população", que ele acredita vai refletir e desejar algo melhor para o Brasil.
Refletir era o que todos na missa pareciam buscar com o silêncio, que só foi rompido no final. A mãe de Gustavo, Marcia Beatriz Henrique Pinto, amparada pelo filho Daniel, subiu no altar e falou. A forma encontrada para expor a dor não trazia protesto, nem rancor: "Você veio e esteve aqui para nos ensinar a amar e perdoar".
Chorando, enquanto lia o texto que preparou, Marcia chamou Gustavo, entre outros adjetivos, de filho perfeito, irmão dedicado, amigo, ético e justo. Quando terminou de falar, o silêncio insistiu em voltar e foi ve3ncido apenas pelo choro de quem ouviu e entendeu a dor da mãe.
A missa chegou ao fim, mas a tristeza não. Por pelo menos mais 15 minutos, quase todos permaneceram na igreja chorando e trocando abraços, na tentativa de reecontrar, quem sabe, o sorriso de Gustavo estampado nas fotos do painel.
(...)